quarta-feira, 1 de junho de 2011

Despedidas

O amor as palavras e o exagero me despossuíram nesse último mês. Maio, que mês medíocre. Tão medíocre que me sugou até a paixão e a adrenalina que eu sentia pela vida, me senti uma velha sedentária de 80 anos, sentada numa cadeira esperando o tempo passar. Pensei, recriei, desamei milhões e milhões de vezes, e a conclusão disso tudo ? - Eu não sirvo pra pensar antes de fazer, afinal, pensar demais é uma merda que te suga toda a coragem que otimismo te deu. Mas Maio trouxe uma coisa que nem o melhor mês já me ofereceu : a capacidade de dizer Adeus. Me desprendi de tudo que me fazia mal e disse Adeus, não um até logo como eu sempre fiz, mas uma despedida verdadeira sem rodeios, mágoas, ou qualquer cogitação de voltar atrás. Eu fui capaz de me libertar e adestrar para esquecer tudo que um dia já me obrigou a tomar doses de conhaque e fumar maços de cigarro. Finalmente eu aprendi a dizer : Ah foda-se, vai pela sombra e me esquece de vez.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Darwinista

Na verdade estava tudo uma tremenda merda, mas eu continuava estampando aquele sorriso falso que só eu ser fazer. E depois de tanta atuação vieram me perguntar : - De onde você tira tanta força ? Ah, meu querido, minha força vem dá dor, vem do sangue árduo e quente, da falsidade, do egoísmo, do orgulho. Minha gana de continuar e tentar ser melhor sempre foi maior que o cansaço supérfluo da alma. Meu caro, a vida não mima ninguém, não há espaço para fraqueza. Ou você chora, ou faz alguem chorar. É assim a lei da seleção natural.

Doce vingança.

O ar está engasgado, os olhos continuam secos, acredite eu estou chorando por dentro. - Donzela do orgulho ferido, desiludida, pseudo-amada, completamente confusa- . É tão frio lá fora, chove tanto ... mas por incrível que pareça ser, é bem mais frio aqui dentro. Um frio cor de gelo, com gosto de saudade e resquício de possessão ... era como se parte do meu coração tivesse sido arrancada e qualquer momento poderia ser pisada e magoada. Gradativamente, um ódio ia se alastrando pelo meu corpo ... iria me pagar por isso, nem que fosse com o próprio sangue sujo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O tempo não passou.

O céu brilhava, o sol ardia, os pássaros cantavam e seria lindo se não fosse patético.


Calcei um all-star velho, um short marrom e blusa roxa. Baguncei o cabelo, pintei os lábios de vermelho e os olhos de preto e finalmente saí. Sem destino, sem rumo, sem documentos. Passei pela cidade da minha adolescência, ainda tinha o mesmo cheiro e aspecto, as árvores balançavam e a adrenalina que aquela cidade me ofereceu aos 14 anos era inesplicável. E lá, eu lembrei do meu primeiro cigarro, da primeira bebida, da primeira tristeza, do primeiro amor. Ai que nostalgia nojenta. Peguei minha carteira de L.A, o isqueiro prata e me afundei na fumaça. 5 haviam se passado, e as frustrações e medos eram os mesmos ... isso tudo é tão patético. Sentei em meio fio, e vi os carros passarem, parecia que em vez de nicotina eu fumava nostalgia. Tudo tão trágico, tão cômico. Eu passei 5 anos dizendo foda-se e empurrando os problemas pra debaixo da calçada, não seria agora que eu iria mudar tudo. Então, aceitei minha cretinice e fui embora, com 2 cigarros na mão, nenhum neorônio na cabeça e com lágrimas entaladas.

Super normal e rotineiro.

Novas e piores mudanças.

Eu não deveria chorar, e nem queria. Simplesmente não valia a pena, tentar ser legal e altruísta já não cabe mais. Oh Deus, como vai ser difícil te ver afundando, sendo sufocado pela tristeza do amor e não poder fazer nada, na verdade eu bem que poderia, mas até lá eu já vou ter enjoado de ser boazinha, compreensiva, amigável e blá blá. Sabe, meus demônios estão querendo sair daqui de dentro, e talvez eu queira que eles saiam. Uma novo eu, ressurgirá, e quando isso acontecer, escrúpulos será uma palavra desconhecida.

Pseudo-egoísmo.

Ai senhor, por que tanta preocupação ? Tanta precipitação ? Eu me preocupo demais com as pessoas, eu quero o bem de todo mundo ou de quase todo mundo, cadê meu maravilhoso egoísmo ? Aquele que tanto meu salvou ? A verdade, é que eu preciso parar de ligar, parar de me importar, e deixar as coisas como estão ... e se o pior acontecer, bem, eu tentei avisar.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Com alguma explicação ... explicação.

" Havia algo de insano naqueles olhos, olhos insanos.

Era mais uma madrugada de quinta-feira quase meia noite e meia, meus olhos estavam quase fechando de sono e cansaço, mas eu não queria dormir. Talvez preocupação com a prova de amanhã, ou até mesmo pertubação pelo dor de cabeça infindável, estava escutando "Camila" e essa música de certa forma me acalmava, é como se me deixasse mais livre. A noite havia sido boa, relativamente boa, nesses últimos meses nada era completamente bom, sempre faltava algo, era um vazio, não digo solidão ( a essa altura, eu já havia me acostumado com ela) pode-se dizer que não me sentia "inteira", faltava alguma parte de mim, talvez eu a perdi por ai ou talvez tivesse a emprestado e esqueceram de devolver. Mas o sono superou a vontade de encontra-la, o sono juntou-se com o cansaço e no final eu fui dormir, pela metade, sem a menor ideia de onde a minha outra parte estaria andando.

Demasiadamente estranho e cíclico.

terça-feira, 22 de março de 2011

Landing in london

A chuva fina do mês de março, me faz lembrar todos os beijos apaixonados que nós não tivemos e nem teremos ter.

E agora a chuva cai conforme a música de melodia suave ... e se eu te ligasse e dissesse que só penso em você ? Mudaria alguma coisa ? Talvez eu já soubesse a resposta. É ilusão minha continuar com isso, mas ... tem algo que me prende a você, e não dá pra entender de modo e nem forma alguma.

quinta-feira, 17 de março de 2011

18 de março de 2011. Ás 03:36.

Olá, meu nome é João, mas todos me chamam de Jhonny. Não tenho a mínima ideia de onde surgiu esse apelido, é vulgar e falso, falso como tudo em minha vida. Sou um adolescente normal, estudo, saio, bebo, tenho meus amores. O que me obriga a escrever nessa madrugada, não é minha maravilhosa vida monótona de jovem e sim meus muitos segredos. Creio que todo mundo tem seu lado perverso, sombrio, medonho, porem esse meu lado se aflorou mais do que é normal. Meu coração é bom, mas minha mente é poço de maldade e insanidade, as vezes chego a sentir nojo e um certo medo. Tenho desejo de sentir o gosto da carne humana, de ver o sangue de pessoas inúteis sendo derramado, de esmagar um coração e ver o sangue vermelho escorrer pelo meu pulso. Esses pensamentos ocupam minha cabeça metade do dia, fico pensando nas formas mais cruéis de assassinar pessoas ( a maioria delas, corruptos ladrões que tiram o direito da vida digna de milhares de pessoas). O mais curioso é que eu convivo todos os dias com seres humanos assim, e me controlo a todo momento para não pegar uma faca qualquer e perfurar as entranhas nojentas daquelas pessoas. A verdade é que eu apenas aprendi a domesticar e controlar meus demônios ... por quanto tempo eu não sei ... talvez esse seja o grande problema.

terça-feira, 8 de março de 2011

O mais puro clichê.

Eu andava naquelas ruas conhecidas, eu sabia que você já havia passado por elas, e na minha mais doce ilusão eu te procurava. Nos momentos de total delírio, sentia seu cheiro e escutava sua voz. Sentei no meio fio daquela rua, acendi meu cigarro de fumaça azul, tragava-o com calma, como se pudesse te prender em cada tragada. E num instante de insanidade, tentei agarrar aquela fumaça com as mãos, imaginando você. Eu precisava de ti, todos já haviam percebido, menos você.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Entre papeis rasgados e olhos escorridos.

Minha sede de liberdade sempre foi maior que meu juízo. Nunca importou se existiam regras, mas se haviam como ser quebradas. Abusei da mágica do convencimento para transformar nãos em sins. Procurava modos e mais modos de me sentir livre, por mais que essa tal liberdade seja baseada só na teoria. Dissimulava olhares e gestos e na maioria das vezes, conseguia o que queria. Minhas unhas sempre pretas e meus olhos enigmáticos sombreados sugavam qualquer informação, sendo secreta ou não. Me sentia forte, poderosa, na minha teoria os fins sempre justificaram os meios. Até que a audácia e a liberdade me subiram a cabeça, brinquei com a pessoa errada e de caçadora virei caça. Meus dons sumiram, o esmalte preto fosco descascava e eu não tinha a mínima vontade de repintá-los, os olhos ficaram límpidos e escorridos, a liberdade trancafiada no mar de solidões. E eu .. largada em um canto sujo do quarto, envolta de papel rasgado e se perguntando simplesmente o “ Por que ?”.

terça-feira, 1 de março de 2011

Lágrimas.

Tive que gritar aos céus a minha dor, comecei a falar sozinha, expliquei tudo o que sentia a uma mera sombra. Ajoelhei para as estrelas e pedi para que elas me salvassem, implorei para nuvens respostas e desenhos, tudo em vão. Meu estado era de total lástima, os olhos enigmáticos se apresentavam vazios e mortos, a voz grave e bonita já se tornava esganiçada. Eu não sabia o que fazer e em desespero, gritei para o mundo inteiro ouvir “ EU AINDA O AMO”. 2 lágrimas caíram escassas, o coração se tornava lento e as mãos inquietas. Essa era minha sina e tinha que aceita-la.

Guarde-o, ache-o, quebre-o.

Era uma fortaleza, feita de pedras rústicas e duras, media quase 3 metros. Havia um castelo gigantesco por traz, cercado pelos piores bichos da terra. Existiam portas e mais portas dentro do tal castelo, todas com fechaduras de diferentes tamanhos, tinham também aqueles portais mágicos guardados por uma pergunta secreta. Era humanamente invadir aquele território de segurança máxima, ninguém se atrevera a entrar ali. Até que meus olhos te viram, o caos se instalou naquele lugar .. lembro-me como se tivesse sido ontem .. os muros caíram, os dragões morreram, as portas abriram, deixando de forma totalmente vulnerável o que se escondia. Era inevitável que você achasse tal conteúdo, e assim o fez. Nos primeiros instantes utilizou-o de forma boa e amável, mas quando perdeu a graça, o jogou fora, sem a menor piedade. Durante anos, aquele conteúdo foi resguardado e cuidadosamente escondido, esperando a hora certa de ser descoberto, mas não, tudo foi-se a baixo de forma precoce e hoje tal tesouro vive largado pelos cantos, cheio de cortes e hematomas. Sabe o que era tal objeto ? Meu coração.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Epitáfio

Eu desejava me afundar, um desejo meio masoquista creio eu, mas agora tanto faz., nada faz nenhum sentido. E o nome que tenho, a honra que tinha por ele, hoje nada mais vale do que algumas páginas em livros históricos. Uma MontBlack, criando sua própria sepultura, se afogando cada vez mais nos mares da vida .. hora quem diria, uma quase condessa com nome a zelar desistindo assim de tudo. É, e há quem diga que a vida não é irônica.

Bloqueio.

Ontem quis chorar, precisava chorar, eu sentia sua falta, sabia que não te veria mais, o que eu sentia por ti tomou conta até da minha sanidade. Mas eu não conseguia, era como se meus olhos estivesses trancados e que minhas lagrimas tivessem acabado. As lágrimas não saíram, a dor se intensificou-se e eu aflita fui dormir, dormir para tentar esquecer, dormir para não acordar .. para chorar.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ação e reação.

Eu ainda olharei em seus olhos hipócritas e direi que tenho nojo dos seus sentimentos. Te renegarei, pisarei, vingarei, humilharei, só pra você lembrar o quão ruim isso é. Em um passado pouco distante, você era minha vida, hoje é só motivo de diversão e nojo. Acostume-se com sua nova condição

Desconexo

A folha de papel continua vazia, intacta. Já não consigo escrever o que sinto, não me acho nas palavras .. sinto que estou me perdendo. Nada mais tem graça, não me sinto tentada a escrever, deve ser a preguiça psicológica, a falta de amor, ou a inexistência dele. Tudo é tão vago, o céu infinito com aspecto libertador se assemelha com a solidão. 
O sábio disse: apenas siga este caminho,até o alvorecer da luz.O vento soprará em seu rosto,enquanto os anos passam por você ouça esta voz bem lá no fundo … É o chamado do seu coração,feche seus olhos e você encontrará o caminho para sair da escuridão. Aqui estou eu,você me enviará um anjo?Aqui estou eu,na terra da estrela da manhã.
O sábio disse: apenas encontre o seu lugar,no olho da tempestade.procure as rosas ao longo do caminho,mas tome cuidado com os espinhos. O sábio disse: apenas estenda sua mão,e alcance a magia encontre a porta para a terra prometida.Apenas acredite em si mesmo.

Send me an angel - Scorpions

Reticências.

Incontrolável sensação de não sentir nada. Meio termo ? Combinação de palavras inexistentes e sem sentido. É tudo ou nada, nada de meio cheio, é impossível sentir algo pela metade. Então é assim, se não sentes nada eu sinto tudo, e se não sentes tudo eu não sinto nada. Desconexo, descombinado, desajustado. Até meu coração é descompassado, rápido demais ou lento demais, e se nem esse orgão vital sabe se contralar, imagine meus atos ? Não os controlo, nem tenho a vontade de faze-lo. Porque viver é assim, não segue roteiros e script, é tudo improvisado pelo diretor imprevisível : ” O destino”. E se você não entende, por favor, não me cobre explicações. 
Meus sonhos iludidos, agradecem. 

Insignificado

Procurar o desconhecido, andar com pés sujos pelo universo da sua mente, decifrar enigmas, dissolver dúvidas. Encontrar as chaves, querer respostas, imaginar perguntas, morrer, viver de novo, sentir o sangue congelando por um corpo sem dono. É o cosmo, são as dúvidas, é o medo, tudo junto, nada certo, sem significado, palavras desconexas. E as ultimas certezas : o cd riscado, a lágrima de diamante e o coração de vidro

Rock, chuva, amor,


Estavam na varanda, acompanhados de cigarros e whisky. Ele a explicava histórias das suas bandas preferidas, a olhava com ar de professor e pedia por dúvidas. Ela não quis faze-lo, já sabia de cada detalhe sobre aquelas bandas, sobre todos os vocalistas e também sobre as músicas, melodias e arranjos. Mas ela não se importava, tinha o prazer de ver aqueles olhos cuidadosos pousando nela e sentir aquele sorriso alvo e perfeito. Começou a chover, entraram. Ficaram bem molhados, a blusa branca molhada de pano fino dele revelava um abdômen bastante definido e atraente. Ela não resistiu, chegou mais perto, tirou a blusa do rapaz com pretexto de gripe e lhe fez um convite perfeito para aquela ocasião : ” Vamos ver um filme ?”. 
Dormiram juntos. Tendo somente um ao outro, na mais linda forma de cumplicidade. 

Liberdade.

Dormiu a tarde toda, perdeu o dia com sonhos esquisitos. Desejava liberdade , sentia sede do mundo lá fora e das mais diversas situações que ele poderia lhe provar. Queria voar, sentir a brisa bagunçando seus cabelos, soltar aquele grito que está entalado na garganta e se afogar na imensidão do céu azul. Enquanto sua cabeça trabalhava nas inúmeras possibilidades de “ser livre”, seu corpo se instalava sedentário, sobre o sofá mofado de casa. 

"Os amores intensos por o suposto alguém. /Essas coisas todas - /Essas e o que faz falta nelas eternamente -; /Tudo isso faz um cansaço"

Ultimamente ando tão sem graça, falta-me animo e vontade, a cada dia me vejo mais afundada nessa inércia desmedida. Rir, brincar, falar besteiras, se tornaram ações raras e nada cotidianas; me sinto com sono a todo instante, parece que meu corpo se tornou mais pesado e que meus olhos já não têm mais vontade de ficar abertos e vivos. Não sei o que houve, nem o que significa, então vou optar por um palpite tolo e clichê : deve ser a idade

Utópico.

Parecia que sua cabeça iria explodir a qualquer instante, a dor a sufocava de tal forma que até respirar estava se tornando algo doloroso. O sol brilhava, todo mundo estampava um sorriso falso no rosto, as crianças brincavam e Karina permanecia em frente a piscina criando coragem para entrar naquela água gélida. Afinal, a dor de cabeça já era tão intensa que pareceu impossível piorá-la, resolveu mergulhar de uma vez só …
Sentia a água completamente gelada invadir cada centímetro do seu corpo, havia silencio debaixo daquele cenário azul, a dor desapareceu. Fez-se feliz.  Karina ia mergulhando cada vez mais fundo, descobriu a área das pedras. Ficou completamente maravilhada com todas aquelas cores e texturas diferentes, mergulhava rente ao chão, deixava sua barriga tocas nas pedras .Aquele tilintar lhe fazia um bem imenso era como nadar em ouro, esfregava suas costas naquelas pedras rústicas e imaginava ser uma rainha coberta por pedras preciosas. A visão debaixo d’agua era surreal, tudo era lindo, não havia passado nem futuro, só o presente. E a sua maior preocupação, era investigar a origem daquelas bolhas engraçadas que lhe faziam cócegas. Karina desejou ser uma sereia e viver dentro da agua .. pode-se dizer que o fez, ao menos por 20 segundos e isso era o que importava. 

Insanidade

Tudo enegreceu, o único vestígio de luz encontrava-se nos raios. Os trovões quebravam silêncios e medos. Karina estava só. Os pensamentos mais insanos e cruéis passavam em sua mente a solidão, mesmo que breve, lhe perturbava o juízo. Assim : ás 00:00h provou do próprio sangue, ás 1:52h esperimentou a mais aguda dor, ás 2:36h mastigou da sua carne .. finalmente ás 3:59h sentiu-se realmente feliz. Insana, incalculável, em movimento retroativo fez-se de fenix a cinza .. e de cinza a nada.

Viver, sobreviver, existir.

Tirou-o da carteira, colocou-o levemente em sua boca e acendeu-o. Fumava depressa, como se fosse o ultimo cigarro a ser consumido. Soltava a fumaça com baforadas contínuas e descompassadas, era como se sentisse a dor saindo cada vez que soprava. Respirava a liberdade e soltava a dor, e assim foi vivendo, sobrevivendo ou apenas existindo

Refúgio

As coisas mudavam, os pensamentos já eram outros, ideologias novas e piores, tudo se renovava a cada momento. Andrea condenava tal mudança frenética. Gostava de viver mesmo no passado, se trancava no quarto com seus LP’s de bandas que cairam no esquecimento, colecionava objetos em desuso, guardava suas quinquilharias com o maior zelo como se realmente vivesse em um século passado. Andrea não se deixava acreditar nas latrocidades que ocorriam no presente, simplesmente enganava-se, vivia em seu mundo utópico anti-quadro na época em que as pessoas eram felizes e não sabiam.

Enigmas, noites e fumaça.

Passava o dia todo dormindo, não era cansaço físico mas psicológico. Tinha o mal hábito de pensar em tudo, gastar neurônios com coisas totalmente insignificantes e irrelevantes. O amor era uma dessas coisas. Ficava horas deitada, tentando imaginar a origem e o propósito de tal sentimento, todo tempo gasto em vão. Quando dava meia noite, se arrumava e perambulava pela cidade, que a noite deixava mais bela. Andava com o salto 15 e a calça jeans básica, esquecia dos enigmas amorosos e das perguntas, se soltava, tentava amar um completo estranho, todas tentativas jogadas fora, é lógico. E no dia seguinte, acabava do mesmo jeito : estirada no sofá, com duvidas a mil e o cigarro de fumaça azul na mão.